oje, vou passar para vocês, um tema bastante sensível. Um tema passado pelo Mestre O.R.M.
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Aïvanhov. Como sabem Aïvanhov foi um Mestre. Um Mestre como os poucos que por aqui andaram.
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Hoje em dia há muitos mestres, mas a maioria, são todos falsos. O tema de hoje, sensível,
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principalmente para as religiões, chama-se: A CABEÇA BRANCA E A CABEÇA NEGRA
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Uma passagem do Zohar descreve Deus como uma bela e nobre cabeça,
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com barba e longos cabelos brancos. Esta cabeça branca reflete-se numa superfície de água,
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e esse reflexo invertido surge como uma carantonha negra. O que nos ensina essa figura?
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Que aquilo a que chamamos “mal”, “diabo”, é apenas o reflexo, a sombra de Deus na matéria.
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Por isso, estão erradas as religiões que apresentam o diabo como o adversário de Deus,
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e um adversário contra o qual Ele tem de lutar continuamente. Deus não luta contra o diabo,
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isso quereria dizer que Ele luta contra Si mesmo. Como é que religiões que se afirmam monoteístas
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têm teorias e um comportamento que contradizem as suas próprias bases? Opõem a Deus um inimigo,
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o diabo, tão poderoso quanto Ele, como se Deus não fosse o único Senhor.
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Mas que religiões são estas, cujo Deus tem um inimigo que Ele nem sequer consegue vencer?
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E são os humanos, tão fracos e insignificantes, que devem ir ajudá-LO!
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É assim que se compreende a grandeza e a omnipotência de Deus?
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Estes religiosos rebaixam Deus ao apresentá‑LO como incapaz de fazer recuar o seu adversário.
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Já pensastes nisto? Infelizmente, a sua má compreensão não fica por
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aqui. Eles vêem este adversário de Deus por toda parte, a infiltrar-se nos humanos sob múltiplas
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formas. Então, que fazem? Tentam combatê-lo neles, chamando-lhes “acólitos de Satanás”,
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“filhos do diabo”, e massacram-nos continuamente invocando para eles a condenação eterna.
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Mas esses ignorantes, devem aprender que não há condenação eterna, pelo menos como a imaginam.
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Quando alguém se compraz no mal e se obstina a trabalhar conscientemente contra os projetos de
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Deus, contra a Luz, sobrecarrega-se tanto, obscurece-se de tal forma, que acaba por
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ocorrer uma reação entre a sua alma humana e a sua alma divina: a alma divina, sob a forma de
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uma centelha, deixa esse ser e retorna ao oceano da luz original. Privada dessa centelha, a alma
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humana, desagrega-se e desaparece. Caso contrário, quaisquer que sejam os pecados e as transgressões
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cometidos, a alma humana (embora aquilo a que chamamos “alma” seja composto, na realidade,
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por diversas almas, pode purificar-se graças à alma divina que está ligada a ela,
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e que procura sempre dirigi-la para a Luz.
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Quanto àqueles que perseguem os outros, com o pretexto de que tomam o partido do Senhor,
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na realidade tornam-se auxiliares do diabo, que reforçam continuamente.
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Porquê entrar em guerra com o diabo? Como já vos disse, o diabo é um servidor de Deus, tem
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um papel a desempenhar, Deus, serve-se dele para espicaçar os humanos e empurrá-los para a frente;
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Ele não precisa de que os humanos O ajudem a combatê-lo, pois sabe desembaraçar-se sozinho.
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Ele utiliza-o. Tal como o cão do pastor, que tem de fazer regressar as vacas ao prado,
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o diabo deve levar-nos de volta aos jardins do Senhor; é preciso saber isto e,
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quando o encontramos, devemos agradecer-lhe. É tempo de todos esses grandes “soldados de Deus”
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mudarem a sua concepção das coisas: no dia em que compreenderem que o diabo é o auxiliar de Deus,
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deixarão de ser, eles próprios, auxiliares do diabo! A primeira religião monoteísta,
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foi a religião judaica. Moisés, quis formar um povo que conhecesse a verdade do Deus único. Mesmo
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nas Iniciações de certas religiões politeístas, ensinava-se a existência de um só Deus, os outros
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deuses eram apresentados como personificações de forças da Natureza. Fora do Deus único,
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tudo se torna insensato, tudo se desmorona. Nada pode ser explicado fora da unidade.
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Vós direis: «Mas então o diabo não existe?» Isso depende da realidade à qual atribuímos a palavra
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“diabo”. O diabo não existe enquanto entidade individual, opondo-se a Deus como um igual.
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Aqueles que afirmam que ele lhes apareceu, apenas o imaginaram. Tal como existem espíritos de Luz,
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há espíritos das trevas, e é a essa coletividade de espíritos tenebrosos que se chama “diabo”.
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A Cabeça branca e o seu reflexo escuro representam, na realidade, dois mundos habitados
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por criaturas. Mas o diabo não existe como uma entidade separada de Deus e opondo-se a Ele, é uma
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força coletiva que é alimentada, reforçada, pelos pensamentos, sentimentos e atos negativos dos
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humanos. O diabo, é uma construção dos humanos, que não compreenderam a questão do bem e do mal.
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Também pode dizer-se que o diabo é uma parte do próprio homem, o seu eu inferior.
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Como é que este se formou? Foi o homem que, ao longo das suas reencarnações, o alimentou
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continuamente com as suas fraquezas e os seus vícios, obstruindo assim o caminho para o Céu.
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Mas também existe no homem uma entidade luminosa, o seu Eu superior, que ele formou
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graças a pensamentos, sentimentos e ações inspirados pela bondade, pela generosidade,
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pelo amor, pelo sacrifício. Se os humanos se esforçassem por pôr ordem na sua vida interior,
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o diabo desapareceria, só restariam as duas forças antagónicas “positivo” e “negativo”, “masculino” e
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“feminino”, esses dois pratos da balança cósmica com os quais eles devem aprender a trabalhar.
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O mal, o verdadeiro mal, é a ignorância dos humanos, a falta de amor, de bondade,
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e também o facto de eles não considerarem úteis todas as forças que circulam no Universo.
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O diabo é uma criação dos humanos ignorantes, e é uma criação tanto mais terrível quanto
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mais ignorantes eles forem. O mal e o bem são forças criadas por Deus, e se o mal,
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para nós, representa o diabo, é porque não sabemos agir relativamente a ele.
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Vós direis: «Gostávamos que nos desse ao menos um método para sabermos como agir com o mal.»
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Vou contar-vos uma história. Um sábio estava no seu quintal a colher cerejas. (Sim, porque
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é que um sábio não haveria de colher cerejas? O Mestre Peter Deunov disse uma vez que é a
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única árvore da Terra que existia no Paraíso.) De repente, ouviu um barulho e viu um homem a correr:
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«Onde é que vais a correr assim?», pergunta-lhe. «O meu vizinho vem a perseguir-me com uma
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espingarda, pensa que fui eu que ateei fogo ao seu celeiro.» «Vai embora depressa. Eu resolvo isso.»
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Chegou o outro homem. «Para onde vais, a correr dessa maneira? – perguntou-lhe o sábio. Pareces
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estar sem fôlego. Não queres sentar-te um instante comigo? Olha estas cerejas.
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São deliciosas. Prova!» O homem sentou-se e regalou-se com as cerejas, enquanto o sábio
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o levou a admirar as flores do jardim, o céu azul, etc. Esta curta paragem mudou o seu humor,
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ele renunciou a perseguir o vizinho e até se ofereceu para ajudar o sábio a colher as cerejas.
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Direis que é uma história inverosímil… Apesar disso, levai-a a sério e refleti. O sábio sabia
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que, se, se atravessasse no caminho do homem zangado, dizendo-lhe: «Para!», o outro tê-lo-ia
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empurrado sem querer ouvir nada, e ele teria sido forçado a usar a força. É isto o mal. Então, o que
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fez ele? Desviou a sua atenção, oferecendo-lhe cerejas. Isto é o bem. Evidentemente, estas
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cerejas são apenas uma imagem, podiam ter sido avelãs, ou um copo de bom vinho, ou outra coisa.
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Isto significa que, para impedir os humanos de fazerem o mal, é preferível tentar desviar a sua
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energia do que opor-se a eles. São métodos que os bons pedagogos sabem usar com as crianças,
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e que vós também podeis usar convosco mesmos. Quando vos sentis impelidos numa direção perigosa,
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procurai orientar a vossa atenção e as vossas energias numa direção mais favorável.
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Haverá sempre impulsos “pouco católicos” a visitar-vos, mas cabe-vos saber dirigi-los
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noutro sentido. Sim, podeis crer que é possível fazer desaparecer o diabo, se,
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se tiver uma melhor compreensão das coisas e se, se viver de acordo com essa compreensão.
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Desaparecido o diabo, em que se tornarão o bem e o mal? Subsistirão, no homem e fora do homem,
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como duas forças complementares que trabalham juntas, pois são a polarização do próprio Deus.
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